A Igreja, com o Concílio Vaticano II (Cf. Inter Mirifica), reconheceu universalmente a importância das Novas Maravilhas dos Meios de Comunicação para a ação renovada, dialógica e missionária da Instituição nos tempos modernos. Tivemos a revolução amplificada e aprofundada com o surgimento das Novas Mídias que talvez demarquem pontualmente o que significa a Pós-modernidade.

Os Ministros Ordenados e Religiosos estão inseridos nesta cultura. Não são só sujeitos ativos, mas também passivos desta nova situação sistêmica. Não é honesto e justo julgar as ações dos membros da comunidade eclesial sem situá-los no tempo e no espaço. A minha reflexão é também crítica da Igreja, que ainda não conseguiu capilarizar a sua visão integrada da sexualidade humana. A percepção é ainda imediata. Quem acusa a Igreja de repressora, não tem honestidade intelectual quando trata sobre o seu ensinamento atual, neste campo. Na própria formação seminarística pouco se fala do sentido da sexualidade humana. É um tabu que só favorece quem tem problemas neste campo e os carrega consigo, sem nenhuma preocupação de resolvê-los, principalmente depois de ordenados, ou fazerem seus votos.

O índice de exposição das pessoas, com as possibilidades que estes Meios trouxeram, foi massificado. Todos “podem” mostrar-se e dizer o que pensam, mesmo sem muitas razões; vias de contatos são possibilitadas para experiências novas. As relações humanas tornaram-se frenéticas e questionáveis. Há um processo novo, com o qual temos que aprender a nos adequar, para que de fato sejamos sujeitos, e não só objetos deste desenvolvimento histórico.

É interessante como a Igreja, bem atenta aos sinais dos tempos, já legislou no seu Código de Direito Canônico (1983) sobre como os Consagrados devem usar estes Canais. Eis a tipificação: “No uso dos Meios de Comunicação, observe-se a necessária discrição e evite-se o que é prejudicial à própria vocação e perigoso para a castidade de uma pessoa consagrada” (Cân. 666). Mesmo posto no Capítulo IV, que trata das obrigações e direitos dos institutos e de seus membros, os religiosos, este cânon, por analogia, pode e deve ser aplicado aos demais sujeitos eclesiásticos. Há duas obrigações às quais os Consagrados devem observar: 1°) – discrição; 2°) – evitar o que excite as paixões.

Primeiro: é notória a exposição exagerada que muitos Consagrados estão fazendo nas Novas Mídias. O pior: Não para evangelizar, que é algo bom e necessário nos tempos hodiernos. Mas na exibição de imagens nas academias, nas festividades, bares, praias, nas intimidades que em nada favorecem o significado e necessário estilo testemunhal que sempre são importantes para quem tem uma missão específica e um estado de vida próprio. Falta prudência. Essas questões precisam ser tratadas com urgência na formação nos Seminários e nos nossos Presbitérios!

Recentemente, muitas situações de contatos íntimos de prelados foram revelados, causando escândalos e muito sofrimento às comunidades eclesiais. É lamentável para todos. Fatos até então ocultos não são mantidos no submundo. Agora são escancaradamente publicados por infantilidade, despreparo e maldade. Pensemos nestas questões com seriedade humana e institucional! Mas do que conhecimento técnico, os Consagrados de hoje precisam de sabedoria, que é fruto do discernimento.

Segundo: o uso das Mídias para os novos tipos de relações está muito comum. Casamentos passam por crises por causa dos casos de “traições virtuais” que acontecem amiúde. Mensagens e imagens libidinosas chegam nos grupos de WhatsApp, Instagram e Facebook constantemente. A promoção pornográfica ganhou mercado popular. Todos têm acesso, quer queiram, ou, muitas vezes, não queiram.

Os Ministros Ordenados e Religiosos precisam ser formados para a liberdade responsável. Não há outro caminho. Existem preocupações que devem ser assumidas sem medo e com sensibilidade às consequências do mau uso das Mídias Sociais. O que e como serão abordadas essas novidades no presente, tendo em vista o futuro, é e será muito importante.

Por fim, com realismo e preocupação com o bem comum, as discussões sobre o consciente e maduro uso das Mídias Sociais é um tema que, sem dúvida, está trazendo inquietações e dramas a serem enfrentados pelos dirigentes e agentes da Igreja, para o bem dos Consagrados e demais membros da comunidade eclesial. Assim o seja!


Pe. Matias Soares
Arquidiocese de Natal-RN

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